"Eu ainda ando, como e tenho sensações mas já não sinto alegria de viver. Os dias passam mas a alegria de sentir emoções positivas, há muito se foi e partiu quando me deixaste"
Esta descrição talvez reverbere no coração de algumas pessoas que a lêem e que se identificam com o vazio da existência de emoções positivas no seu quotidiano diário.
Quando observamos o campo fenomenológico, é comum verificar que algumas pessoas se encontram num lugar de "não vida", condicionadas por lealdades insconscientes a familiares que já morreram. As pessoas vivas, "deslocam-se" para o lugar desses familiares, numa tentativa, ressalvo, insconsciente, de os trazer à vida, uma vez que não conseguiram efetuar uma verdadeira despedida e processar, de forma saudável o luto. Para alguns, uma parte deles também morreu!
É muito importante observar estas dinâmicas e ajudar a pessoa a efetuar a despedida, para elaborar o luto, libertando-a do frequente sentimento de culpa que muitas vezes carrega. Culpa de não ter estado lá para proteger, de não ter dito alguma coisa importante, talvez, quanto o amava; culpa de ter dito o que entende não ter sido o mais correto, faltando um pedido de desculpa, enfim, muitas vezes até a culpa de estar vivo, quando o outro teve um destino trágico e viu o seu projeto de vida interrompido... enfim,... cada caso e situação corresponde a um drama que carece de ser elaborado para pacificar o coração de quem sofre.
O processo de aceitação do destino de cada um é uma etapa muito importante, para que as memórias dos momentos de partilha possam ser preservadas dentro de cada pessoa, num coração mais sereno e alegre, para acolher e "manter vivo" que já morreu...
E aos que ainda cá estão, esse é um designio de Deus... até um dia, porque ainda existe um motivo, uma razão de ser para tudo o que acontece, e muita obra para realizar!
E a vida continua, assim, com muito amor, para lá do nosso entendimento, nesta condição humana!
Regina Marques
Psicoterapeuta Clássica de Constelações Familiares
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